Meio Ambiente

MS vai declarar emergência ambiental em todos os municípios em função incêndios

As cidades acionarão seus órgãos de Defesa Civil para que sejam solicitados recursos ao Ministério do Desenvolvimento Regional


Todos os municípios de Mato Grosso do Sul irão declarar, nesta semana, emergência ambiental devido aos incêndios florestais que cresceram virtiginosamente em junho deste ano, antes mesmo da temporada do fogo, que geralmente começa no segundo semestre.

A informação é do titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck. Segundo o secretário, a medida ajudará na obtenção de recursos com o governo federal para ajudar no combate ao fogo.

“Nós precisaríamos de uma ajuda já mais imediata da União. O próximo passo, na próxima semana, será declarar emergência ambiental em todos os municípios do Estado para que a eles acionem as suas respectivas defesas civis e possam solicitar recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional”, declarou Verruck ao Correio do Estado.

Conforme matéria publicada neste fim de semana pelo Correio do Estado, o número de focos de incêndios em Mato Grosso do Sul em junho deste ano é o maior dos útlimos 26 anos, de acordo com série história do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Só até a sexta-feira (21) o mês de junho contava com 2.049 focos de incêndios no Estado, o segundo maior valor para o mês desde 1998 era em 2005, quando foram 557 ocorrências durante os 30 dias.

A maior parte desses focos, como mostra o Inpe, estão na região pantaneira, a maioria em Corumbá. O bioma é a principal preocupação do governo do Estado porque naquela região a área afetada já passou dos 500 mil hectares no ano todo.

“É importante deixarmos claro que os incêndios florestais têm um impacto muito forte no Pantanal e em toda a vida da região. Por mais que o bioma tenha uma capacidade de resiliência elevada, existem perdas econômicas na questão da pecuária e nas atividades turísticas, que acabam ficando limitadas em função das áreas queimadas. Temos perdas referentes à infraestrutura logística, com o comprometimento de pontes e estradas. Mas, a principal, é na biodiversidade. Toda a questão toda da fauna e da flora é bastante complexa, por mais que tenha resiliência, existem efeitos diretos sobre determinadas espécies”, afirmou o secretário.

Verruck afirmou que por conta dessas particularidades do bioma, que tem 65% de sua área em Mato Grosso do Sul, espera um colaboração maior do governo federal.

“Temos de lembrar que é importantíssima a participação do governo federal. Temos uma decisão do [Supremo Tribunal Federal] STF, determinando que seja elaborado e executado um plano operativo do Ministério do Meio Ambiente para o combate aos incêndios florestais no Pantanal e na Amazônia. Esse plano está sendo construído, mas ele tem que ter uma certa emergência. Nós temos esperança de que haja alocação de recursos orçamentários da União, tanto para o [Ministerio de Meio Ambiente e Mudanças do Clima] MMA, para o PrevFogo e para o Ministério da Defesa”, explicou. 

O secrerário lembrou que a ajuda do Ministério da Defesa é essencial porque as forças armadas possuem aviões de grande porte para ajudar no combate a incêndios florestais que já poderia ser utilizado no Estado. 

“Também poderia ser disponibilizado um helicóptero para o transporte dos bombeiros em Mato Grosso do Sul”, completou o secretário.

PANTANAL

Na semana passada o Secretário Extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, esteve em Mato Grosso do Sul para uma reunião com o governo do Estado para definir estratégias de ajuda do governo federal aos incêndios no Pantanal.

No encontro também foi apresentado relatório do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa), do departamento de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em que mostra que vários fatores podem colaborar para que o Pantanal tenha neste ano uma área afetada pelos incêndios igual ou superior a que foi devastada em 2020, de 3,6 milhões de hectares, ano responsável pelo recorde negativo do bioma.

O modelo utilizado na estimativa, porém, não teria levado em conta as ações que já foram feitas no bioma e nem uma resposta rápida do Poder Público, fatores esses que podem evitar a tragédia.

SAIBA

Entre as condições que fazem de 2024 um ano mais suscetível aos incêndios florestais está a seca prolongada e a escassez hídrica na bacia do Rio Paraguai, decretada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).