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Por que o dólar não para de subir mesmo com intervenções em série do BC?

O BC injetou US$ 10,7 bilhões em novos recursos no mercado de câmbio apenas entre a última quinta-feira, 12, e a manhã desta terça-feira, 17


O dólar escalou na manhã desta terça-feira, 17, no mercado à vista. Na sessão de segunda-feira, 16, a moeda fechou novamente em recorde nominal, cotada a R$ 6,09, mesmo com leilões promovidos pelo Banco Central (BC).

O BC injetou US$ 10,7 bilhões em novos recursos no mercado de câmbio apenas entre a última quinta-feira, 12, e a manhã desta terça-feira, 17. Ao todo, foram US$ 7 bilhões em três leilões de linha, com compromisso de recompra, e US$ 3,7 bilhões por meio de três leilões à vista.

Até então, o BC estava hesitante em ofertar mais dólares no mercado à vista devido ao temor de que parte da valorização excessiva da moeda esteja sendo impulsionada por movimentos especulativos, em meio às incertezas fiscais.

Mas no começo da tarde desta terça, a instituição realizou um novo leilão, vendendo um total de 2,015 bilhões de dólares, praticamente ao mesmo tempo em que a divisa norte-americana ultrapassava o patamar histórico de 6,20 reais.

No leilão, o BC aceitou 22 propostas a uma taxa de 6,15 reais por dólar, entre às 12h17 e 12h22. Após o leilão, às 12h38, o dólar à vista desacelerava sua alta e subia 1,14%, a 6,1612 reais na venda.

Moeda resistente aos leilões

A frequência dessas intervenções é a maior desde o fim de 2021, quando o BC chegou a fazer nove leilões, entre vendas à vista e com compromisso de recompra, apenas em dezembro. Na época, o dólar oscilava em torno de R$ 5,70, próximo das máximas históricas para o período.

A divisa já subiu 2,61% em dezembro e 26,89% em 2024. Boa parte da desvalorização do real no fim deste ano reflete a reação negativa do mercado ao pacote de ajuste de gastos anunciado pelo governo.

Mas, por que a moeda resiste em ceder, mesmo com as intervenções do BC? Para o diretor de câmbio da Ourominas, Elson Gusmão, a taxa de câmbio está sendo pressionada por incertezas relacionadas às votações do pacote fiscal na Câmara e pela alta do dólar no mercado internacional, mas ressalta que há um componente especulativo significativo no atual patamar.

Segundo ele, o dólar a R$ 6,17 reflete uma forte demanda de multinacionais e fundos para remessas de dividendos ao exterior, enquanto os volumes ofertados pelo Banco Central em leilões têm sido insuficientes para atender à demanda elevada, típica de dezembro.

Gusmão observa que o BC tem adotado uma postura conservadora nos leilões, mesmo diante da maior demanda sazonal. Ele explica que os leilões de linha atendem a demandas específicas, enquanto os leilões no mercado à vista geralmente são usados em momentos de escassez de liquidez.