A ex-secretária de Estado de Trabalho, Assistência Social e Economia Solidária de Mato Grosso do Sul, Márcia Regina Flores Portocarrero de Almeida Serra mãe do vereador afastado desde que foi acusado de corrupção, Claudinho Serra foi nomeada para a Corregedoria do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.
A mãe do vereador foi nomeada por ato do presidente da Corte de Contas, Jerson Domingos. Claudinho Serra ainda usa tornozeleira eletrônica e é acusado de comandar um esquema de corrupção e peculato no município de Sidrolândia, onde foi secretário de Fazenda,
Márcia Regina atuará na corregedoria, órgão responsável por investigações internas na corte. Atualmente, o Tribunal de Contas tem quatro dos sete conselheiros afastados pela prática de corrupção e peculato: Valdir Neves, Iran Coelho das Neves, Ronaldo Chadid e Osmar Jeronymo.
Curiosamente, não há ampla divulgação sobre se a corregedoria também apurou processos administrativos para a investigação desses quatro conselheiros.
Claudinho Serra está afastado da Câmara de Vereadores de Campo Grande desde maio deste ano. Em outubro último, o juiz Fernando Moreira Freitas da Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, negou o pedido de relaxamento das medidas cautelares a que ele está submetido, como, por exemplo, o uso da tornozeleira eletrônica, afirmando que "o simples cumprimento das medidas cautelares a que foram submetidos os requeridos não denota, sob qualquer perspectiva, a necessidade de desativação do aparelho de monitoração eletrônica".
A mãe de Claudinho, Márcia Regina Flores Portocarrero, foi secretária no governo Zeca do PT, no início dos anos 2000. Quando foi preso e afastado da Câmara de Campo Grande, Claudinho Serra estava filiado ao PSDB.
Entenda
Claudinho Serra foi preso no dia 3 de abril durante a terceira fase da "Operação Tromper", deflagrada pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) e pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), órgãos do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), sendo apontado como líder da organização criminosa.
Após 23 dias preso, ele obteve liberdade provisória, com uso de tornozeleira eletrônica e cumprimento de outras condições estabelecidas pelo desembargador José Ale Ahmad Neto.
Pedidos de cassação chegaram a ser apresentados na Câmara, mas foram arquivados pelo presidente da Casa, o vereador Carlão, sob a justificativa de que os crimes de corrupção e organização criminosa pelos quais Claudinho Serra é réu teriam sido praticados antes da posse como parlamentar.
Segundo o MPMS, o esquema criminoso operava da seguinte forma:
Fraude no caráter competitivo das licitações, utilizando diversas empresas vinculadas ao grupo criminoso;
Proposta de preços muito baixos em comparação com o mercado, garantindo que tais empresas sempre saíssem vencedoras;
Realização de vários empenhos pela Prefeitura de Sidrolândia para receber os valores pretendidos pelo grupo criminoso, independentemente da real necessidade da municipalidade;
Deliberação entre os empresários sobre a margem de lucro relativa ao valor repassado como propina, os contratos públicos afetados e os produtos cobertos por notas fiscais forjadas.
Claudinho Serra é apontado como o chefe do esquema.
Ainda segundo o MPMS, na condição de ex-secretário municipal de Fazenda de Sidrolândia e atual vereador afastado em Campo Grande, ele desempenhava o papel de mentor e gestor da provável organização criminosa perante a Prefeitura de Sidrolândia.
Mesmo sem ocupar cargo atualmente dentro da Administração, ele continuaria a comandar a organização e obter vantagens ilícitas perante a municipalidade.